Quando estamos em estado de jejum é normal acontecerem alterações metabólicas, entre elas uma serie de adaptações que podem ser divididas em fazes principais: 1° - É direcionada a manter os estoques e produzir glicose para suprir as necessidades do cérebro ( neoglicogênese ) essa fase se caracteriza nos dias iniciais; 2°- vem com o objetivo de conservação de proteína, que ocorre presente após três a quatro semanas em jejum. Após 72 horas de jejum ocorre grande aumento da concentração renal de ácidos graxos e corpos cetônicos, ocorrendo também uma diminuição acentuada da captação renal de lactato, quanto a captação de glicose, essa não se altera significativamente; as alterações que foram observadas na captação dos corpos cetônicos, ácidos graxos, e lactato são propocionias de acordo com suas concentrações no segmento arterial renal; conseqüentemente os corpos cetônicos são os principais combustíveis utilizado pelo rim no jejum, apesar disso durante o jejum a uma evidencia a redução da glicose devido a uma diminuição na sua utilização pelos segmentos distais dos néfrons, que ocorre devido a uma diminuição da sua capacidade em metabolizar a glicose e também devido a um estimulo induzido pelo jejum da neoglicogênese apartir do lactato, glutamina e glicerol. Quanto ao oxigênio, no rim o seu consumo varia de acordo com o Fluxo Sanguíneo Renal ( FSR), pois o aumento desse fluxo causa uma elevação da taxa de Filtração Renal ( TFG) como conseqüente maior oferta de solutos dos aos túbulos renais; pode existir também uma fração de consumo que não depende da TFG, o chamado consumo basal de oxigênio que se relacionam com os processos de transporte ativos não associados a reabsorção de sódio, gliconeogênese, síntese de triglicerídeos, entre outros. Vê-se que a glicose é o suprimento de energia para todos os segmentos renais localizados na medula interna via glicólise independente do estado nutricional do individuo, sendo demonstrado que é o substrato preferencial para varias funções de transporte renal. No estado de jejum a captação renal a captação renal de glutamina aumenta de forma acentuada, essa glutamina tem participação importante na formação de nova glicose, percebemos no jejum uma perda acentuada de peso do que a esperada apenas pela restrição calórica, o que ocorre devido a natriurése (ocorre na fase inicial do jejum ). Estudos realizados em ratos mostraram que durante o jejum ocorreram alterações bioquímicas relacionadas a creatinína, a uréia comportou-se de forma similar. Quanto a TFG foi demonstrada uma redução em indivíduos em jejum, sendo prontamente revertida com a realimentação, essa diminuição é interpretada como conseqüente hipovolêmica e/ou hiponatremia causada pelo aumento da excreção de sódio que ocorre no inicio do jejum; esta presente também no jejum uma redução da gliconeogênese hepática fazendo com que o rim aumente de forma substancial a produção de glicose. Podemos ver também que durante o jejum prolongado, com a redução da oferta de glicose e das ofertas de energia, as concentrações de corpos cetônicos aumentaram sua produção em 70 vezes, com a finalidade de suprir partes das reservas calóricas do individuo. Quando o jejum está no inicio percebe-se que a excreção de corpos cetônicos acompanha a excreção de sódio; a partir de terceiro dia de jejum ocorre um aumento da reabsorção tubular de corpos cetônicos, o resultado imediato é uma conservação de nitrogênio, sendo poupados 7 g/dia, junto com isso a recuperação de corpos cetônicos, que resulta em uma economia de 225 kcal/dia. Pode-se encontrar beneficio em relação à recuperação renal de corpos cetônicos, suas altas concentrações favorecem uma redução da utilização de glicose pelo cérebro, onde no jejum o cérebro a utiliza para ser metabolismo, reduzindo as necessidades de gliconeogênese, sendo esse um mecanismo importante de adaptação renal, e também em parte responsável pela habilidade humana em resistir ao jejum prolongado.
Que a Desnutrição é um fator que atinge a maioria dos pacientes já se sabe, mas deve-se entender também que as manifestações clinicas da desnutrição podem evidenciadas no exame físico inicial, mas as alterações na função renal desse indivíduos podem se apresentar mais tardiamente, estudos mostram que na desnutrição protéico calórica ocorrem também uma diminuição na concentração plasmática de bicarbonato associado a um ganho de peso inadequado e redução da carga de ácido renal excretado, podendo ser secundaria a falta de tampões urinários e/ou redução da reabsorção de bicarbonato. Conclui-se que o rim desempenha fundamental importância na serie de adaptações fisiológicas ao organismo durante o jejum, sabendo –se que os relatos da literatura são conflitantes e escassos, e que as gravidades das alterações podem acarretar problemas diretos ao rim, e que se ainda estiverem associados a desnutrição acarretam diminuição da função renal .
Resumo tirado do livro Nutrição e o Rim
Miguel Carlos Riella
Cristina Martins
Capitulo completo disponível no livro.
RIELLA.M.C;MARTINS.C. Nutrição e o Rim, Rio de Janeiro: Guanababara Koogan, 2009. Cap.5.58-62p
Muito interessante!!
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